O Grimório de Elek

Saudações amigos bruxos. As páginas que seguem são reflexões do Bruxo e Sacerdote do Coven Triluna, Elek Ophelus. Convido vocês a unirem-se a mim nessa jornada de auto-conhecimento e equilíbrio com nossa Mãe-Terra. Aqui divido singelos saberes adquiridos através de estudos acerca da Arte e dos fundamentos da Religião da Grande Mãe. Sejam bem - vindos! Blessed be!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Reiki Violet Flame



Espaço para divulgação do Curso Reiki Violet Flame da Mestra Jussimara:


OLÁ MEUS QUERIDOS,
O Reiki  Violet Flame não estava programado p/ maio, contudo a pedido de um grande amigo, e considerando que é UM ÓTIMO PRESENTE PARA O DIA DAS MÃES, AGENDAMOS O CURSO PARA O DIA:
15/05/11-  COM  INCIO AS 9:30HS., ( níveis 1 e 2).
Este reiki não tem qualquer pré-requisito, é um reiki simples e de fácil assimilação (até crianças podem participar).
O Valor de cada nível é R$ 170,00  (LEMBRANDO AQUI QUE SÃO DOIS NÍVEIS NO MESMO DIA), pela singeleza e simplicidade do mesmo.
O QUE ACONTECERÁ DE DIFERENTE NESTE CURSO?
ESTAREMOS OFERTANDO 50% DE DESCONTO ÀS MÃES, considerando que estamos no mês de maio, e que Kuan Yin é a misericordiosa protetora das mães e das crianças.
Para OS DEMAIS o desconto será de 30%.
No valor estará incluido a ALIMENTAÇÃO DO DIA DO CURSO, O MANUAL E O CERTIFICADO.
Portanto, se alguém quiser pernoitar na pousada de sábado para domingo haverá um acréscimo de R$ 53,00 (com sopa a noite e café da manhã).
O MATERIAL (pedrinhas, missangas, pérolas falsas, etc...) para a confecção do Japa Mala, fica ao encargo de cada participante, ou seja, CADA ALUNO DEVERÁ TRAZER 108 CONTAS do mesmo tamanho, (sempre é bom trazer umas a mais). E TAMBÉM UMA CONTA MAIOR (no estilo que quiserem) para o MERU (última conta do rosário).
Vagas limitadas.
Presenteie sua mãe com um reiki de Kuan Yin.
abraço de luz.
Jussimara

segunda-feira, 28 de março de 2011

Meu encontro com Kuan Yin




A
ndamos pelos prados deste mundo com o coração muitas vezes pequeninho, machucado, e com feridas que parecem não querer cicatrizar. O rancor, o falatório alheio, a discórdia e a raiva muitas vezes nos desviam do caminho do meio, nos fazendo perder o equilíbrio e o bom senso. Mas os Deuses, generosos como sempre, nos colocam flores de amor e misericórdia nos nossos caminhos, e nesse último fim de semana eles colocaram diante de mim a mais dadivosa das flores: a Grande Mãe Kuan Yin.
Minha mestra de Reiki, a Ju, já havia me advertido que havia uma vibração de Kuan Yin próxima de mim, caminhando ao meu encontro, mas eu não imaginava que esse encontro seria tão rápido e intenso. Tudo começou quando a Cátia, uma futura amiga e cliente, me ligou pedindo um atendimento. Estava no meio de uma conversa com uma amiga, trocando poções e idéias, e assim que ela foi embora liguei para a Cátia para marcarmos o atendimento com os oráculos. Os passos que guiaram essa linda pessoa até mim foram com certeza o dos deuses, pois depois de dois atendimentos, e de orientações do astral e dos oráculos, ela saiu decidida a fazer sua iniciação em Kahuna Reiki, tendo como mentora maior a Grande Mãe Kuan Yin.
Bem, eu pensei, há apenas dois dias atrás minha mestra em Reiki havia me falado de Kuan Yin e eu pouco sabia a respeito dessa mãe de misericórdia e doçura. Agora, uma desconhecida chegava a minha casa para falar do mesmo tipo de amor, Kuan Yin pedia licença para entrar em minha vida. Foi quando veio o convite: a Cátia iria iniciar-se no fim de semana, e convidou-me para assistir sua iniciação, com a Mestra Ju, lá no Natureza Sanadora.
Não existem palavras que possam descrever o que eu vi, senti e vibrei naquele momento tão doce. Uma energia rósea tomou conta de toda a sala e pequenas ondas rosas vibravam em torno do altar de Kuan Yin, enquanto as mãos serenas e habilidosas da Ju traçavam no ar símbolos desconhecidos por mim, mas chaves de abertura, de canais ancestrais que trouxeram a presença de Kuan Yin até nós. As lágrimas brotaram abundantemente quando vi a Grande Mãe em seu manto rosa de amor, carregando o mundo no colo, como quem embala um bebê. Afetuosamente a energia do amor tocou cada um de nós, e tamanha foi sua intensidade que choramos muito, antes, durante e depois da iniciação. Foi um momento sublime, abraçados os três, sentimos como se nossos corações fossem um só. Nossa respiração em sintonia unia ainda mais nossas energias, e nesse momento eu disse em alto e bom som: NÓS PODEMOS CURAR O PLANETA! NÓS VAMOS CURAR O PLANETA!
A Ju e a Kátia riram emocionadas. Eu ria e chorava também, pois nunca havia me sentido tão amado. O amor fluía de cada um de nós, do altar e de toda a sala. A Grande Mãe havia estado entre nós. Unidos em um abraço, caminhamos até a saída do templo, na certeza de que um grande passo no caminho de nossa cura, e da cura daqueles que o universo dispõe em nossos caminhos havia sido dado. No domingo, para selar com amor a lembrança desse encontro maravilhoso, recebi das mãos da Cátia, como um presente, uma imagem de Kuan Yin. Novamente as lágrimas brotaram. Abençoada seja essa Grande Mãe de amor e doçura, que me permitiu encontrá-la e sentir o toque suave de sua candura. Abençoados sejam os passos que me guiaram até ela, e os amigos que me conduziram pela mão. Blessed be!


Templo da Pousada Natureza Sanadora

quinta-feira, 24 de março de 2011

7ª Conferência de Wicca e Espiritualidade da Deusa




A
proxima-se mais uma vez  esse encontro maravilhoso, onde bruxos do Brasil e da América Latina poderão realizar trocas fantásticas de saberes, jornadas e vivências. O evento será uma bonita confraternização e prova de amor aos deuses, aliado a um estudo sério e comprometido com os valores da Arte do Povo Antigo. Imperdível!!!
Esse anos estarei dando um workshop sobre o mito arturiano, segue abaixo o resumo da conferência.


A ESPADA QUE ABATE O CÁLICE: O MITO ARTURIANO E SEUS DESDOBRAMENTOS CONTEMPORÂNEOS

Nessa atividade veremos que encarado como discurso, fala ou narrativa, o mito é geralmente compreendido como uma forma das sociedades expressarem de forma anímica suas dúvidas, anseios e contradições. É ainda muitas vezes apontado como um esforço interpretativo do mundo ou como uma alternativa para uma reflexão sobre os fenômenos da vida e da morte, assim como da relação do homem com seus semelhantes e com o universo que o cerca. A narrativa mítica assume um caráter alegórico, pois ainda que seu enredo esteja vinculado ao maravilhoso e a fantasia, ela deixa entrever sob os véus de sobreposições imagéticas, fatos que se relacionam com a natureza e o pensamento histórico, filosófico e religioso.
A programação pode ser conferida no link abaixo:

http://www.conferenciadewicca.com.br/programa.html

domingo, 20 de março de 2011

Iniciação à Energia Reiki





S
ão raros os momentos em que somos tocados pelo divino em sua plenitude, quando sentimos com cada célula de nosso corpo um bem – estar tão intenso que extrapola nossa capacidade de sentir. Uma energia que vai para além dos sentimentos e sensações do dia a dia, e que nos projeta para fora de nós mesmos, quando então entramos em contato com o sagrado e com o outro.
Nesse último dia 19 senti isso intensamente durante minha jornada em busca de minha iniciação na energia Reiki. Retirados da poluição sonora do centro urbano, eu e meus companheiros de jornada viajamos até a cidade de Morro Reuter, para a Pousada Natureza Sanadora, onde teríamos nossa iniciação com a mestra Jussimara Ferrari Ruy Oliveira. A Pousada é uma velha amiga minha, e a Ju uma companheira de muitas jornadas – soubemos disso assim que nossos olhos se cruzaram pela primeira vez. Lá, nessa divina escola astral, um hospital verde de amor, luz e sabedoria nos recolhemos para dentro de nós mesmos, curando feridas internas, expondo – nos de maneira carinhosa, doando e recebendo abraços, energias e amor, que brotava abundantemente nos olhos de todos que participaram dessa vivência.
Além da Ju fomos assistidos por suas mestrandas, que como disse a nossa matriarca Iara, pareciam bailarinas, numa dança sincronizada de amor e candura, auxiliando a mestra Ju em tudo que ela necessitava.
Para mim, essa iniciação foi um momento de revelações, cura interna e também de aceite para novas missões a serem desenvolvidas no caminho da cura. Algumas semanas antes eu havia chegado a loja Divina Presença para comprar incenso e essências, quando me deparo com lindas imagens dos mestres dos sete raios. Na busca por uma imagem de Saint Germain, acabei por esbarrar em uma imagem do mestre do 5º raio Hilarion, e a imagem me impressionou muito, embora eu nada soubesse sobre ele. Levei a imagem e fixei na parede de minha casa, próximo ao meu altar e me propus a estudar mais sobre o 5º raio.

Pois no momento de minha sintonização com a energia Reiki, depois de um turbilhão de emoções vividas e sentidas em intensidade, com revelações kármicas e serenas cenas de vidas passadas que desfilavam diante dos meus olhos marejados de lágrimas, eu vi minha mestre Jussimara, conduzida pelas mãos do Mestre Hilarion me sintonizando a energia, numa sincronia perfeita de movimentos. Não contive as lágrimas e chorei muito, aceitando com felicidade a nova missão que me era proposta. Emocionados, abraçamos uns aos outros com amor, felizes que estávamos por nossa nova condição de reikianos.
As palavras não conseguem alcançar a imensa gratidão que sinto pelos mestres que conduziram meus passos até a Pousada Natureza Sanadora, onde pude resgatar tantas coisas, rever tantos amigos de outras jornadas e preencher meu coração com amor, luz e harmonia.
Pela noite tivemos mais uma vez o fogo sagrado, conduzido por mim e pela Xamã Iara. Contemplamos a belíssima lua, cantamos canções em honra a Grande Mãe, mandamos vibrações de amor aos nossos irmãos no Japão e com as mãos postas na terra, emitimos nossa gratidão a Grande Mãe Gaia e a Natureza Sanadora, enquanto cantávamos “Como é grande o meu amor por você”. Um momento lindo, que como todos os outros vou levar no coração para sempre. Abençoados sejam a Ju, o Paulo, o Vini e o Bruno, a Iara e todos que compartilharam esses lindos momentos conosco. Blessed Be!

terça-feira, 15 de março de 2011

A Lua mais próxima da Terra



esse próximo dia 19, a Lua estará bem próxima da Terra, como não havia estado há 20 anos. Essa proximidade estabelece mudanças climáticas severas, como as que presenciamos no Japão, mas também mexem muito com nossos próprios líquidos internos. Somos seres compostos basicamente de água, assim como nossa planeta, e a Lua afeta nosso organismo, sentimentos, nossa energia e magia.
            Essa proximidade acontece exatamente quando no hemisfério sul estaremos próximos das comemorações do sabbat de Mabbon, onde os pagãos celebram sua segunda colheita, e separam o joio do trigo. Esse é o momento propício para se livrar de antigos hábitos, se livrar de coisas velhas, e lançar na fogueira tudo aquilo que nos fez, ou faz sofrer. Também é um momento de agradecimento aos Deuses e ao universo por todas as benesses que colhemos, e uma renovação de votos de esperança para as futuras colheitas. Após o invernos a terra será novamente preparada, e então poderemos lançar novas sementes.
            Contudo esse não é o momento do plantio. Vamos colher com resignação o que plantamos até agora, separar o que não serve mais para que o fogo sagrado dos deuses transmute essa energia densa em amor. E vamos refletir sobre que sementes vamos lançar na terra no próximo plantio. Blessed be!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Caboclo Urubatão da Guia


Data Festiva: 25 de dezembro

Caboclo guerreiro

O meu rosto foi pintado com terra,
estou em guerra...
A morte não me assusta,
e o prelúdio de sua chegada,
só me dá mais força para lutar,
guerrear pela minha gente,
pela minha prole, e pelo que acho justo.
A liberdade acima de tudo,
pois um falcão sem asas não voa,
e a pantera sem garras não caça.
A bandeira do meu povo é da cor do céu,
e mesmo manchada de sangue,
continua hasteada ao sabor do vento.
O grande espirito falou,
fumou o cachimbo da paz,
e pediu que enterrasse o machado.
Hoje minha flecha é só para caçar,
o tambor só toca em dia de festa,
e na mata escura já não oiço bradar.
Mas nasci guerreiro e sempre serei,
caço na mata e vivo na serra,
descanso em paz, mas vivo na guerra.



É um dos Mensageiros dos Orixás símbolo da Pureza e do Amor; caboclo da Criação; Senhor Supremo que vibra sobre todos os Filhos da Terra. Seu dia é o domingo. Sua morada são as praias e as colinas desertas. Suas cores são: branco e dourado. Sua imantação é a canjica branca com mel. É o senhor do ouro, do aloés e do cristal de rocha. Não tem qualidades, e é sincretizado em Jesus Cristo.

Homenagem ao meu pai Urubatan da Guia



Creek Mary's Blood

Soon I will be here no more
You'll hear my tale through my blood
Through my people and the eagle's cry
The bear within will never lay to rest

Wandering on Horizon Road
Following the trail of tears

White man came
Saw the blessed land
We cared, you took
You fought, we lost

Not the war but an unfair fight
Sceneries painted beautiful in blood

Refrão
Wandering on Horizon Road
Following the trail of tears
Once we were here
Where we have lived since the world began
Since time it self gave us this land

Our souls will join again the wild
Our home in peace 'n war 'n death

Wandering on Horizon Road
Following the trail of tears
Once we were here
Where we have lived since the world began
Since time it self gave us this land...

"Hanhep iyuha mi ihanbla ohinni yelo
Òn sunkmanitutankapi hena
Sunkawakanpi watogha hena
Oblaje t' ankapi oihankesni hena
T' at' epi kin asni kiyasni he
Akantanhanpi iwankal
Oblaye t' anka kin
Osicesni mitakuyepi òn
Makoce kin wakan
Wakan Tanka kin òn
Miwicala ohinni - Hanhepi iyuha
Kici - Anpetu iyuha kici yelo
Mi yececa hehaka kin yelo, na
Ni yececa sunkmanitutankapi
Kin ka mikaga wowasaka isom
Uncinpi tuweni nitaku keyas ta k' u
Unwakupi e' cela e wiconi
Wanji unmakainapi ta yelo
Anpetu waste e wan olowan
Le talowan winyam ta yelo
Unwanagi pi lel e nita it' okab o' ta ye
Untapi it' okab o' ta
Na e kte ena òn hanska ohakap
Ni itansni a' u nita ni ihanke yelo"

Riacho do Sangue de Maria

Em breve não estarei mais aqui
Você ouvirá minha história através de meu sangue
Através de minha gente e do choro da águia
O urso interior nunca irá deitar-se para descansar

Caminhando na Estrada do Horizonte
Seguindo a trilha de lágrimas

Homem branco veio
Viu a terra abençoada
Nós cuidamos você pegou
Você lutou nós perdemos

Não a guerra, mas uma luta injusta
Belas paisagens pintadas em sangue

Refrão
Caminhando na Estrada do Horizonte
Seguindo a trilha de lágrimas
Uma vez nós estivemos aqui
Onde temos vivido desde o começo do mundo
Ele mesmo nos deu esta terra

Nossas almas irão unir-se novamente ao selvagem
Nosso lar em paz, em guerra, em morte

Caminhando na Estrada do Horizonte
Seguindo a trilha de lágrimas
Uma vez nós estivemos aqui
Onde nós temos estado desde que o mundo começou, desde que o tempo
Ele mesmo nos deu esta terra

"Continuo sonhando todas as noites
Com aqueles lobos,
Aqueles mustangs
E aquelas infinitas praias
Os incansáveis ventos sobre
Os topos das montanhas
A indivisível fronteira de minha carne
A vazia ilha
Do grandioso espírito
Eu ainda acredito
Em todas as noites
Em todos os dias
Eu sou como os caribous
E você como os lobos que me fortalecem
Nós nunca lhe devemos nada
Nossos únicos débitos são nossas vidas
A nossa mãe e é um bom dia para cantarmos
Essa canção para ela
Nossos espíritos estavam aqui
Muito antes de vocês
Muito antes de nós mesmos
E antes estaremos depois
Que seu orgulho lhe conduzir
Ao seu fim"
 

 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A Águia



A
 águia é uma ave que possui a maior longevidade da espécie, pois chega a viver 70 anos. Mas para chegar a essa idade, aos 40 anos ela tem de tomar uma séria e difícil decisão. Aos 40 anos ela está com as unhas compridas e flexíveis e não consegue mais arranhar suas presas, das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva. Apontadas contra o peito estão as asas envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas e voar já fica difícil.
Então, a águia só tem duas alternativas: morrer... ou enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar 150 dias. Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha, se recolher num ninho próximo a um paredão, onde nela não necessite voar.
Então, após encontrar esse lugar a águia começa a bater o bico numa parede até conseguir arrancá-lo. Ela espera um novo bico nascer, com o qual vai arrancar suas unhas. Quando as novas unhas começarem a nascer ela passa a arrancar as velhas penas. E, só após cinco meses, sai para o famoso vôo de renovação, para viver, então, mais trinta anos.
A vitória é para os que têm coragem e não sentem pena de si mesmos. Em nossa vida, muitas vezes temos de nos resguardar por algum tempo e começar um processo de renovação. Para continuarmos a voar um vôo de vitórias, devemos nos desprender de lembranças, costumes e outras que nos causam dor.
Somente livres do peso de um passado triste podemos aproveitar o resultado que uma renovação nos traz.

Autor: Anônimo

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A Arte da Magia

"Para que a magia efetivamente aconteça, três fatores devem estar presentes: a necessidade, a emoção e o conhecimento." (Scott Cunningham)







A
 prática da magia é de origem antiga, sendo encontrada em todo o mundo. A magia é uma força que combina a energia psíquica com os poderes da vontade, para produzir os efeitos "sobrenaturais", provocar as respectivas mudanças e controlar os eventos na Natureza. Aumenta o fluxo de divindade e pode ser usada para propósitos construtivos assim como destrutivos. A magia é uma força neutra que em si não é boa nem má. A direção do bem ou do mal é determinada pelo praticante. Entretanto, como o karma retorna por três vezes para todas as pessoas em conseqüência de seus atos nesta vida, seria atitude de autodestruição para qualquer Bruxo ou mago utilizar a magia negra para causar danos a alguém.
              Como uma ferramenta da Arte Wicca, a forma antiga da palavra magik (em inglês, com o "k" no final) é usada muitas vezes pêlos Bruxos para distingui-la de mágica, que não pertence à Arte, mas, sim, ao teatro, ao truque com as mãos e à ilusão. A magia (magik) é uma ferramenta poderosa. É parte importante da Wicca, embora secundária na adoração à Deusa e ao Seu consorte, o Deus Chifrudo.
              Um dos elementos mais importantes na prática da magia é a sensação. É absolutamente essencial que você possua sensações fortes em relação ao que está tentando realizar para produzir o poder necessário para a realização da magia. É também muito importante usar a visualização criativa, também conhecida como "imaginação desejada". Essa é a arte ou a capacidade mágica de imaginar os resultados finais de sua magia para fazer seus desejos se materializarem. É uma habilidade natural, concedida pela Deusa a determinadas pessoas; contudo, a maioria de nós precisa ativar e cultivar seus poderes por meio de muita prática, exercícios de concentração e meditação. Quando estiver lançando um encantamento, concentre-se sempre profundamente e coloque na sua mente um claro quadro mental aquilo que você precisa ou deseja.
              Sem a sensação e a visualização criativa é extremamente difícil (se não totalmente impossível) a magia funcionar. Você também descobrirá que os melhores resultados serão obtidos se você realizar seus próprios encantamentos e/ou criar seus próprios amuletos, talismãs e poções, em vez de confiá-los a alguém (em especial a um estranho) para realizar a magia por você. Quando fizer um encantamento, você estará impregnando a magia com as suas vibrações emocionais, espirituais e psíquicas.
              Use a magia de maneira sábia, cautelosa e somente de maneira positiva. A magia é algo muito sério e nunca deverá ser abusada ou tratada como um jogo de salão ou brincadeira. Nunca utilize qualquer forma de magia para manipular a vontade ou as emoções de outra pessoa e mantenha sempre em mente a LEI WICCANA:


Lei Wiccan respeita
Perfeito amor, confiança perfeita
Viva e deixa viver
Dá o justo para assim receber
Três vezes o círculo traça
E assim o mal afasta
E para firmar bem o encanto
Entoa em verso ou em canto
Olhos brandos, toque leve,
Fala pouco, muito ouve
Deosil[1] na crescente levanta
E a Runa da Bruxa canta
Widdershins[2] na minguante é o momento
Para a Runa do Banimento
Quando está nova a lua da Mãe
Beija duas vezes Suas mãos
Quando a lua ao topo chegar
Teu coração se deixará levar
Para o poderoso vento norte
Tranca as portas e boa sorte
Do sul o vento benfazejo
Do amor te traz um beijo
Quando vem do oeste o vento
Vêm os espíritos sem alento
E quando do leste ele soprar
Novidades para comemorar
Nove madeiras no caldeirão
Queima com pressa e lentidão
Mas a árvore anciã, venera
Se queimares, o mal te espera
Quando a Roda começa a girar
É hora do fogo de Beltane queimar
Em Yule, acende tua tora
O Deus de chifres reina agora
A flor, a erva, a fruta boa
É a Deusa que te abençoa
Para onde a água correr
Joga uma pedra para tudo ver
Se precisas de algo com razão
À cobiça alheia não dá atenção
E a companhia do tolo, melhor evitar
Ou arriscas a ele te igualar
Encontra feliz e feliz despede
Um bom momento não se mede
Da Lei Tríplice lembre também
Três vezes o mal, três vezes o bem
Quando quer que o mal desponte
Usa a estrela azul na fronte
Cultiva no amor a sinceridade
Para receber igual verdade
Ou um resumo, se assim preferes:
'Se nenhum mal causar,
faz o que tu queres'.

              A magia negra não lhe trará somente um mau karma por três vezes; ela também desencadeará uma contra-explosão e provocará resultados desastrosos. Antes de realizar a magia, é sempre aconselhável usar uma forma de divinação para descobrir se os resultados de sua magia serão positivos ou negativos. Você poderá usar uma bola de cristal, as cartas do tarot, velas, runas ou qualquer outro método que preferir. Se não for habilitado na arte da divinação, consulte um Bruxo com experiência ou um mestre respeitável nas artes ocultas.
              A magia é poderosa e funciona; entretanto, determinados encantamentos devem ser repetidos várias vezes até que funcionem, especialmente se você for novo na arte da magia. Não se sinta desencorajado pelo fracasso. Com o treino e a prática suficientes, você logo "sentirá" a magia, e será capaz de usar os poderes para que eles trabalhem para você. Assim como existem várias tradições wiccanas diferentes, a magia também assume várias formas. Existe a magia cerimonial, a magia cabalística, a magia dos nativos americanos (também conhecida como xamanismo), o Vudu e muitas outras.            A escolha da forma (ou formas) correta da magia a ser praticada depende somente da preferência pessoal do Bruxo e/ou da tradição wiccana, embora vários Bruxos escolham praticar a magia folclórica de influência européia. Alguns Bruxos devotam toda a sua vida ao estudo e à prática de somente uma forma de magia, enquanto outros experimentam e praticam vários tipos diferentes. Isso é questão inteiramente pessoal.
              A magia é a ciência dos segredos da natureza, e, para que ela funcione apropriadamente, um Bruxo deve trabalhar sempre em perfeita harmonia com as leis da Natureza e da psique. O banho de água com sal e a limpeza interior do corpo mediante jejum de um dia inteiro antes de realizar o ritual mágico é, muitas vezes, necessário, especialmente na magia cerimonial. Para ser capaz de produzir poder, o corpo físico deve ser mantido em condição saudável.
              A lua e cada uma de suas fases são a parte mais essencial da magia, sendo extremamente importante que os encantamentos e os rituais sejam realizados durante a fase lunar apropriada. A lua crescente (período entre a lua nova durante o primeiro quarto até a lua cheia) é o momento apropriado para realizar a magia positiva e os encantamentos que aumentem o amor, a sorte, o desejo sexual e a riqueza.
              A lua cheia aumenta a percepção extra-sensorial e é o momento apropriado para realizar as invocações à Deusa lunar, os rituais de fertilidade e encantamentos que aumentem as habilidades psíquicas e sonhos proféticos. A lua minguante (época entre a lua cheia durante o último quarto até a lua nova) é o momento apropriado para realizar a magia destrutiva, os encantamentos negativos e feitiços que retirem as maldições, para terminar maus relacionamentos, reverter encantamentos de amor e afrodisíacos, acabar com maus hábitos e diminuir febres, dores e doenças.
              Resumindo, para realizar magia bem-sucedida deve-se estar em harmonia com as leis da Natureza e com a psique. É importante possuir conhecimento mágico, corpo e mente saudáveis e capacidade de aceitar a responsabilidade pelas suas próprias ações. É impossível obter magicamente resultados positivos se o seu nível de energia estiver baixo ou se o seu corpo estiver contaminado por drogas prejudiciais e/ou quantidades excessivas de álcool. Trabalhe durante a fase lunar apropriada, com convicção, concentração e visualização do resultado final. E não se esqueça de prestar atenção aos horários planetares, pois estes podem potencializar ou não seu encantamento. Esses são os segredos para a magia bem sucedida.
              Sempre que terminar um Feitiço, diga: "QUE SEJA PARA O BEM DE TODOS!" Confie na sabedoria dos Deuses, pois a visão deles é muito mais ampla que a nossa. A  Wicca é uma Tradição Lunar, assim, todos os rituais devem ser feitos após o Sol se pôr, a não ser que seja absolutamente impossível. Como foi dado anteriormente, cada fase da Lua tem o seu significado. Em muitas tradições mágicas, a mulher é desaconselhada a trabalhar quando estiver menstruada. Na Wicca, essa é a fase de maior poder, especialmente quando coincidir com a Lua do Feitiço.


[1] Sentido horário
[2] Sentido anti-horário

fonte: Claudiney Prieto e Starhawk

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Os Instrumentos de um Bruxo



O
s instrumentos usados nos rituais da Wicca têm a sua origem perdida no tempo. Eles são importantes focos de concentração e ferramentas para provocar alterações de consciência, mas é preciso que se saiba exatamente o seu significado para que sejam usados corretamente. Embora eles possam dar um toque de beleza e alegria aos rituais, uma verdadeira Bruxa ou Bruxo jamais deve ficar dependente deles, porque a verdadeira Bruxaria se faz com a mente e com o coração.
O Caldeirão - Embora algumas tradições discordem, a meu ver, o Caldeirão é o instrumento mais importante e significativo para as Bruxas. Ele representa o Útero da Grande Mãe, ou seja, a origem do Universo e de toda a Vida. Dele viemos e para ele retornaremos eternamente. É no Caldeirão que as Bruxas preparam os feitiços, as poções e acendem o fogo para os rituais, quando não é possível acender uma fogueira ao ar livre. Nele se realiza a Grande Alquimia Universal. Em muitos feitiços ele pode conter água ou vinho energizado pela luz da Lua. De preferência, ele deve ser de ferro, com três pés, representando os três aspectos da Deusa. Na falta de um caldeirão, uma panela ou tigela pode substitui - lo desde que não seja de material sintético, como teflon, plástico ou alumínio. Está ligado ao elemento Água.
O Cálice - Associado ao mito do Santo Graal, o Cálice é usado para consagrar e beber o vinho dos rituais, tendo o mesmo simbolismo do caldeirão. Ele foi introduzido na Wicca em época mais recente. Em algumas tradições mais puristas é substituído por uma concha ou um chifre, onde se toma o vinho. Ele também pode ser substituído por uma taça, ou mesmo um copo, desde que não seja de material sintético. Da mesma forma que o Caldeirão, liga-se à Água.
O Athame ou Punhal - Tradicionalmente, o punhal da Wicca é de Lâmina dupla com cabo preto, sendo chamado ATHAME (pronuncia-se átame), uma palavra de origem incerta que significa "O que não morre". Ele representa a energia masculina, sendo um símbolo fálico dentro do ritual. Ele é traçado para abrir círculos, e, durante a Consagração, é introduzido no Cálice para simbolizar a União do Deus e da Deusa. Os ramos mais tradicionalistas substituem o Punhal pela Varinha Mágica, alegando que ele foi introduzido recentemente na Wicca, não fazendo parte dos instrumentos tradicionais. O mesmo se diz da Espada, pois ela seria um instrumento de Magia Cerimonial, que nada tem a ver com a Bruxaria. Na falta de um Athame clássico, qualquer faca serve para o mesmo fim, desde que não tenha sido usada para tirar qualquer tipo de vida ou derramar sangue. Caso não queira usar o Punhal, abra o círculo com a Varinha, um Cristal, ou mesmo com o dedo, como se e faz na Wicca Irlandesa, conhecida como WITTA.
A Vassoura - Esta é uma velha conhecida e amiga das Bruxas! Toda Bruxa que se preza tem uma Vassoura! Ela representa a União das Energias Universais. Os pelos e o cabo representam, respectivamente, os órgãos sexuais feminino e masculino. Havia um ritual muito antigo em que as Bruxas saíam "cavalgando" as vassouras pelos campos e dando grandes pulos, para que as plantas crescessem da altura de seus saltos. Talvez daí tenha vindo a crença de que podiam voar. Também havia certos ungüentos e plantas alucinógenas que provocavam a Viagem Astral, o que poderia dar a impressão de estar voando pelo Ar. E se as Bruxas tivessem algum modo de anular a gravidade? Talvez nós consigamos resgatar esse conhecimento algum dia, mas não tente comprovar essa teoria, especialmente se você mora em APARTAMENTO! A Vassoura pode ser decorada com Símbolos Sagrados e ter a sua Assinatura Mágica. Antes do ritual, ela é usada para varrer o local onde ele será realizado, representando a limpeza espiritual de toda Energia Negativa. Ela também serve de ponte entre o espaço do círculo e o mundo exterior, isto é, ela pode ser colocada deitada num ponto, e, se alguém precisar sair, pode fazê-lo pulando a Vassoura sem quebrar o círculo, e procedendo da mesma forma ao voltar. É bom saber que crianças e animais podem entrar e sair do círculo sem quebrá-lo. Em algumas tradições, a Sacerdotisa cavalga a vassoura ao redor do Caldeirão. Em algumas cerimônias de Casamento, os noivos pulam a vassoura como símbolo de sorte e felicidade. Na Bruxaria Italiana, chamada Stregeria, Bruxas não voam em Vassouras, e sim, em bodes pretos, mas eu prefiro continuar com a Vassoura, pois eles não me explicaram como se pula um Bode para sair do círculo.
O Bastão ou a Varinha Mágica - A Varinha Mágica tem o mesmo simbolismo do Athame, embora segundo algumas tradições esteja mais ligada ao elemento Fogo. Tradicionalmente, ela deve ser feita de uma árvore sagrada como a Aveleira, o Carvalho ou a Macieira, embora eu acredite que qualquer árvore deve servir, desde que você tenha por ela alguma predileção ou ligação emocional. O galho da árvore deve ser cortado na Lua Crescente, e antes sempre se deve pedir a autorização da árvore. Depois de cortado o galho, deve-se deixar alguma oferenda em agradecimento. Ainda hoje, as Bruxas seguem esse procedimento, deixando mel e leite para as Fadas e Elementais, e um pouco de comida para os pássaros. A Varinha pode ser enfeitada com símbolos, fitas, cristais ou algum objeto pessoal.
A Túnica Ritual - Embora muitos "Covens"(nome pelo qual são conhecidas as assembléias dos Bruxos, que significa 'Irmandade') prefiram trabalhar "vestidos de céu", ou seja, completamente nus, existe a opção de se usar a Túnica, tradicionalmente negra. A cor negra isola as energias negativas, sendo ótima para ser usada quando se tem contato com grandes multidões ou pessoas negativas, pois impede que a sua energia seja "vampirizada". A cor negra não tem nenhuma ligação com o Mal, como se costuma pensar erroneamente. Ela representa o Útero Universal, do qual nasceu toda a Luz, a escuridão da Terra onde germinam as sementes. Porém, não se deve usar somente a cor negra, pois precisamos da vibração de todas as cores. E muito menos por mero exibicionismo ou para parecer ESOTÉRICO! Trabalhar nus ou com Túnicas deve ser uma escolha do grupo. Deve-se ter o cuidado para que a nudez não atraia pessoas mal intencionadas. A nudez deve ser um sinal de pureza, de libertação de nossos medos e tabus. Para tanto, é preciso ter um coração puro diante dos Deuses e dos nossos semelhantes, trabalhando muito bem com nossos corpos. É impossível se trabalhar inibida pela nudez, o que tornará o ritual totalmente improdutivo. Se esta for a situação, é melhor usar uma Túnica, mas, com o tempo, é preciso superar esses bloqueios, pois eles são frutos de uma moral Judaico-Cristã repressiva, sendo que a nudez deve ser encarada como algo natural.
O Pentagrama - Embora muitos achem que o Pentagrama não pertença Originalmente à Bruxaria, ele se tornou um de seus maiores símbolos. A Estrela de Cinco Pontas representa as quatro Energias Formadoras do nosso Planeta, isto é, Água, Fogo, Terra e Ar, mais o quinto Elemento, que é o Espírito. Usado com uma ponta para cima, ele é o símbolo da magia Benéfica, onde a Energia do Espírito controla as quatro Energias Formadoras da Matéria. Muitos Satanistas usam o Pentagrama com duas pontas para cima, significando o triunfo da Matéria sobre o Espírito, ou a vitória do Mal sobre o Bem. Deve-se lembrar que, originalmente, o Pentagrama com duas pontas para cima representava o Deus Cornífero, e o Útero da Grande Mãe por sua semelhança com um útero e duas trompas. Só depois do advento do Cristianismo ele foi desvirtuado como símbolo do Mal. Quase todas as Bruxas usam um Pentagrama no pescoço, como símbolo de sua religião, mas isso não é nenhuma obrigação.
O Pentáculo – Em qualquer tradição é um disco sólido, normalmente feito de madeira ou pedra, com um pentagrama entalhado sobre ele. Contudo, hoje em dia é comum vermos pratos pintados. O Pentáculo é freqüentemente empregado como prato mágico sobre o qual objetos podem ser colocados para uma carga mágica, ou para apresentar objetos rituais e oferendas aos quadrantes, ou simplesmente consagrar alimentos.
O Livro das Sombras ou Grimório – É um termo usado para se referir ao livro ritual e mágico de um bruxo. Nele estão tradicionalmente escritos os rituais, as leis, os encantamentos de uma tradição Wiccaniana. No caso de um bruxo solitário, o Grimório é mais uma coleção de encantamentos, símbolos, procedimentos rituais e anotações pessoais. Tradicionalmente cada bruxo deve escrever o seu Livro de Sombras à mão. Mas hoje, na era digital, vemos muitas comunidades online que compartilham e trocam experiências de rituais e encantamentos, o que no passado seria impossível até de ser pensado.
Outros Instrumentos - Também fazem parte da Wicca outros instrumentos como o  Sino para abrir e fechar rituais, Incensórios, Castiçais e outros objetos opcionais. Muitos Covens tocam instrumentos musicais. Enfim, o melhor é usar a imaginação para criar seus rituais.

fonte: Claudiney Prieto

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O Gayatri Mantra explicado

OM
BHUR BHUVAH SVAH
TAT SAVITUR VARENYAM
BHARGO DEVASYA DHEEMAH
DHIYO YO NAHA PRACHODAYAT

   O Gayatri mantra é, junto com o OM, o mantra mais conhecido e cantado na Índia. Ele representa a essência do conhecimento védico e foi percebido e  depois ensinado pelo sábio Vishwamitra. Certo dia, o rei Viswamitra estava caçando nas florestas do Himalaia e chegou nas proximidades do eremitério do sábio Vasishtha. As tropas do rei estavam cansadas e famintas.
   Vasishtha saldou o rei e pediu a Kamadhenu, sua vaca que podia conceder todos os desejos, que provesse alimento para o rei e suas tropas. Vishwamitra ficou impressionado com a vaca mágica e pensou que essa  vaca poderia das conta de todas as necessidades dele, de suas tropas e de seu reino. Se aproximando de Vasishtha ele pediu a vaca como presente mas o sábio respondeu negativamente, dizendo que somente aqueles que eram realizados na verdade de Brahman poderiam ter a vaca.

Vishwamitra ficou muito ofendido e se enfureceu, ordenando que suas  tropas tomassem a vaca a força.  Vasishtha então ordenou à vaca que produzisse milhares de guerreiros  celestiais, que deram uma lição nas tropas de Vishwamitra, as  espantando do eremitério. Percebendo o que ocorreu, Vishwamitra realizou que toda a sua  opulência, armas e exércitos não valia de nada perto da realização  yogue de um Brahmarishi (título concedido aos mais altos sábios realizados em Brahman, como Vasishtha). Vishwamitra resolveu ele próprio se tornar um Brahmarishi, abandonando seu reino e adentrando as florestas do Himalaia para praticar meditação profunda em Brahman.

Por muitos anos ele praticou exercícios espirituais e meditação, conseguindo grande poderes yogues. Vendo o avanço de Vishwamitra, Indra, o deus celestial, se assustou e temeu que Vishwamitra pudesse o suceder no comando dos céus. Assim, enviou uma bela ninfa para distrair a meditação de Vishwamitra. O rei se viu vítima da paixão e se enamorou da ninfa, que engravidou  e deu a luz a uma linda menina. Quando se deu conta de que a luxúria havia consumido todos os anos de esforço e meditação, Vishwamitra  renunciou sua esposa e filha e mais uma vez entrou em meditação profunda.

   Desta feita, Vishwamitra conseguiu poderes ainda maiores e Indra, mais uma vez mandou uma ninfa, que tentou atrapalhar a meditação de  Vishwamitra. Tendo sucesso em sua empreitada a ninfa se aproximou do rei, que por sua vez se lembrou da experiência passada e ficou cheio de raiva contra a ninfa por ela ter quebrado sua meditação profunda.Vishwamitra, então, transformou a ninfa numa pedra.
   Foi só então que Vishwamitra percebeu que a raiva e ira haviam consumido todos os anos de sua intensa prática espiritual.Mas com perseverança inquebrantável, Vishwamitra subiu mais alto no Himalaia e entrou mais uma vez em meditação profunda.Durante esse período, um outro rei se aproximou do sábio Vasishtha e pediu a ele para realizar um grande sacrifício do fogo para que o ajudasse a atingir o paraíso com seu corpo carnal e com sua consciência atual, o que Vasishtha recusou prontamente.
   Ofendido e revoltado o rei, chamado Trishunku, se aproximou de Vishwamitra. Vishwamitra viu nesse encontro uma oportunidade de ser vingar de Vasishtha, mostrando seus poderes yogues. Feito o sacrifício do fogo, Vishwamitra mandou o rei ao plano de Indra, com corpo e consciência terrena. Sabendo ser impossível manter o rei no plano de Indra com o corpo e consciência terrena, Vishwamitra o trouxe de volta, mas enquanto descia das alturas celestiais o rei Trishnku chorou e orou para que Vishwamitra o salvasse. Vishwamitra concedeu a salvação ao rei, criando um sistema estelar apenas para o rei. Ou seja, o seu poder era tão grande que ele criou umcéu/paraíso apenas para o rei.Mas ao fazer isso, Vishwamitra percebeu que todo o esforço de sua  meditação e exercícios espirituais intensos foram em vão.

   Mais uma vez ele se viu decepcionado e vez o voto de não sair mais de  sua meditação profunda. Quando Vishwamitra se deu por satisfeito com sua prática, Brahma em pessoa apareceu ante ele e disse que estava muito satisfeito com a intensidade da prática de Vishwamitra, concedendo-lhe o título de Maharishi (Grande Sábio). Entretanto, Brahma lhe avisou que para se tornar um Brahmarishi ele deveria ser abençoado pelo Sábio Vasishtha. Ao dizer isso, Brahma desapareceu.Mesmo atingido o estado de Maharishi, Vishwamitra se frustrou ao pensar que depois de tudo ainda teria que recorrer ao sábio Vasishtha para ser abençoado.

   Com ciúme da posição de Vasishtha ele pensou que se o matasse ele não  precisaria das bênçãos para se tornar um brahmarishi. Espreitando a casa de Vasishtha ele pegou uma grande pedra para atirar na cabeça de Vasishtha. Mas quando estava próximo ele escutou a esposa de Vasishtha, Arundhati, dizendo que já que Vishwamitra havia se tornado um grande homem, ele deveria abençoá-lo e assim elevá-lo ao estado de Brahmarishi. Vasishtha concordou e disse que assim que Vishwamitra o procurasse ele concederia sua benção.

   Ao ouvir isso, Vishwamitra se sentiu profundamente envergonhado, lançou a pedra longe e correu para se curvar diante do grande sábio. Assim, Vasishtha disse a Vishwamitra: "Você mostrou ao mundo que o espírito humano é invencível e não aceita derrota. Você conquistou a  luxúria, os desejos, o apego e arrogância, um por um, através de suas  intensas práticas espirituais e meditação. A última barreira era o ciúme. Agora você o conquistou também. Salve Brahmarishi Vishwamitra! " Assim que Vasishtha tocou o ponto entre as sobrancelhas de Vishwamitra, seu chakra frontal se expandiu e ele viu os sete ritmos pelos quais o Cosmo foi criado.

   Nesse exato momento, o Gayatri Mantra junto com os sete Vyahritis  (lit. ritmos, mas são os sete planos de manifestação consciencial) foi revelado a ele. Vishwamitra tem como tradução possível "amigo (mitra) do Universo
(vishwa)".

   Gayatri é um dos aspectos da deusa Saraswati, esposa de Brahma e que representa o seu poder criativo ou shakti. Saraswati é mitologicamente representada como a protetora e inspiradora das artes, música, literatura e ciência. No entanto, esotericamente ela representa o potencial de expressão da mente humana.

A palavra Gayatri é composta de duas palavras:
Gaya= Florescer, abundar, energizar (vitalizar), energia vital.
Trâyate =o que protege; o que concede a liberação.

Vamos estudar esse mantra, que junto com o OM é o mais importante das tradições hinduístas.


Saraswati

A estrutura do mantra é de 3 linhas com 8 sílabas em cada uma, fazendo um total de 24 sílabas.Cada sílaba estimula os impulsos de criação dentro do Ser.
Assim, por mais que numa análise superficial o entendimento do mantra
fique de certa forma bem claro, é importante dizer que a tradução pura e simples do mantra abrange apenas a superfície de sua real significância.

Que fique bem claro que o mantra não se trata apenas de uma oração ou
um pedido solene.

Essa métrica de 3 linhas com 8 sílabas em cada uma, fazendo um total de 24 sílabas, é específica do Gayatri e por isso outros mantras que contém essa estrutura são chamados de gayatri também. Temos o gayatri do Ganesha, ou da Lakshmi, por exemplo.

O mantra aparece no Rig Veda da seguinte maneira:

TAT SAVITUR VARENYAM
BHARGO DEVASYA DHEEMAH
DHIYO YO NAHA PRACHODAYAT

Notem que não há a adição dos Vyahritis (Bhuh, Bhuvah, Swaha[svah]) ,
pois a métrica do Gayatri deve respeitar as 24 sílabas no total.
Mais adiante falaremos sobre os Vyahritis.

Voltemos à métrica do Gayatri:
Como já foi dito, cada sílaba gera impulsos de criação em todo o Ser.
Vamos as 24 sílabas e seu significado esotérico:

1)Tat: Sabedoria Profunda (Brahma Jñana)
2)Sa: Bom uso da energia
3)Vi: Bom uso da riqueza
4)Tu: Coragem durante períodos ruins / acidentes
5)Va:A grandiosidade do convívio amigável com as mulheres
6)Re:A grandiosidade da esposa, que concede toda a fortuna à família
7)Nyam: Adoração e respeito à Natureza
8)Bhar: Controle Mental constante e firme
9)Go: Cooperação e Paciência
10)De: Todos os sentidos sob controle
11)Va: Vida Pura
12)Sya: Unidade do homem com Deus
13)Dhee: Sucesso em todas as esferas
14)Ma: Justiça Divina e Disciplina
15)Hi: Conhecimento
16)Dhi: Vida e morte
17)Yo: Seguir o caminho da retidão
18)Yo: Manutenção da Vida
19)Nah: Cautela e Segurança
20)Pra: Conhecimento das coisas que estão por vir e Doação para o bem
21)Cho: Leitura das escrituras sagradas e Associação com os sábios
22)Da: Auto Realização e Bem Aventurança
23)Ya: Boa Progênie
24)At: Disciplinas da vida e cooperação

   Assim, volto a afirmar que o mantra não é uma simples oração ou ode a uma deidade específica, mas sim todo um conjunto de conhecimentos profundos e sutis. Não é a toa que o gayatri mantra é considerado a essência dos vedas. Mas para não ser muito analítico e para dar uma utilidade mais prática ao mantra, vou me ater a explicar o mantra em suas três linhas com oito sílabas cada. Mas nem por isso o estudo será superficial, como poderão comprovar.

De maneira geral, o Gayatri Mantra é cantado ou pensado da seguinte maneira:

OM
BHUR BHUVAH SVAH
TAT SAVITUR VARENYAM
BHARGO DEVASYA DHEEMAH
DHIYO YO NAHA PRACHODAYAT

Vamos a uma tradução aproximada:

OM: de forma simplista podemos dizer que ele é o som primordial, a fonte de toda a criação. Um dos outros nomes pelo qual é conhecido é PRANAVA ou "substrato da vida, princípio vital". O OM é a base de onde toda a criação tem existência. Ele é o  substrato de todo o Conhecimento, é o "pano de fundo" onde o potencial criativo se manifesta. Não podemos aprofundar o assunto aqui, mas o OM é produto da Shakti, ou Poder Criativo da Consciência [Brahman].Somente a explicação desse mantra daria um livro, mas para o nosso estudo a definição acima basta.

BHUR BHUVAH SVAH: são 3 das 7 Vyahritis (lit. "palavras, dizeres") percebidas pelo sábio Vishwamitra. Representam 3 dos 7 planos de manifestação da Consciência.
As vyahritis mais o OM são usadas como uma introdução ao mantra.

BHUR é tradicionalmente associada ao plano físico. Esotericamente é a "espiritosfera" (neologia usada para descrever a amplitude da "atmosfera espiritual" pertinente ao planeta, corpo celeste ou parte/ambiente sideral) do planeta Terra.

BHUVAH é lit. "atmosfera". Esotericamente é a espiritosfera imediatamente superior à nossa. Segundo a tradição seria o espaço entre o Sol e a Terra e entre a Terra e os outros planetas. Para o pensamento hindu, todos os planetas são habitados e ao mesmo tempo são consciências distintas, sendo Júpiter o mais avançado (espiritualmente) de todos (em nosso sistema solar).Lê-se "buvarrá". Em alguns casos, onde o `h' final não é pronunciado, é "buvá".

SVAH: é o Paraíso, o plano mais alto em nosso sistema. Esotericamente é associado ao Sol, que segundo os sábios é o "limite da onisciência" (Ishwara) de nosso sistema. É ele o portador de todos os referenciais de conhecimento que possuímos. Para um aprofundamento recomendo ler com atenção o Yoga Sutras de Patanjali. Infelizmente não poderemos aprofundar esse tema aqui, pois ele é extenso e tem correlação com a manifestação consciencial desde Brahman até o mundo físico.Lê-se "suvarrá". Em alguns casos pode ser lido como "isvárra".

As vyahrits são interpretadas de várias maneiras, dependendo do ponto de vista filosófico.

Elas também podem ser interpretadas da seguinte maneira:
Bhur: Rig Veda
Bhuva: Sama Veda
Svah: Yajur Veda

Ou ainda como sendo relacionados aos cinco pranas que fluem no corpo
humano:
Bhur: Prana (região peitoral)
Bhuva: Apana (região sacra)
Svah: Vyana (permeando o corpo todo)

  Essa abordagem é bem fundamentada nas disciplinas Tântricas do Hatha-Yoga e do Kriya Yoga.É outra abordagem que requer uma explicação mais detalhada, mas infelizmente não é possível nesse momento, visto que todo o conhecimento de bioenergia fundamentada no Kundalini Yoga, Laya Yoga, enfim, no Tantra teria que ser explicado.

As outras 4 Vyahrits são: Mahaha, Janah, Tapah, Satyam.

TAT: Lit. Aquele, aquela (aqui refere-se à Savitri). Lê-se "Tat" (com t mudo).

SAVITUR: De Savitri, o esplendor do Sol, o brilho solar, os raios solares, a força solar. Em muitos casos Savitri é associado ao deus do Sol (Surya). Ela seria a shakti (poder) de Surya. De forma esotérica representa o Criador, Sustentador, o todo penetrante.

VARENYAM: Desejável, excelente, o melhor entre

BHARGO: efulgência, esplendor, luminosidade (que destrói os pecados), brilho, glória.

DEVASYA: Divino, relativo à divindade. Lê-se "devássia".

DHEEMAH: Meditar sobre; relativo à meditação. Lê-se "dimarri".

DHIYO: pensamentos elevados ou nobres, intuição profunda, iluminar (revelar a Realidade Última). Lê-se com o i duplo, "diio".

YO: o que, o qual.

NAH: nosso, de nós, unir, junto, nó. Lê-se "narrá", com o "á" curto, como em água.

PRACHODAYAT: de prach (pedir, demandar) + codate[chodayate] (animar, inspirar, colocar em movimento), portanto a tradução seria algo como possa inspirar, possa animar. Lê-se "prachodaiáte" .

   Uma tradução aproximada do mantra seria "Eu Saúdo aquele Ser, possuidor da efulgência divina e que é a causa e sustentação de todos os planos da existência.Que minha mente esteja sempre fixa e absorvida Nele e que Ele possa iluminar, purificar e inspirar meu intelecto."

O Mantra está todo relacionado ao aspecto iluminador e todo abrangente de Brahman.Em verdade, o mantra nos mostra a natureza essencial de toda a existência.

Gayatri é uma das formas da Shakti de Brahma, de Vishnu e Shiva.Ela representa a base, o substrato de toda a existência. Ela é a "expansão" do OM ou a energia que o movimenta.

Num estudo mais aprofundado o mantra se revela como sendo a representação do Sol Espiritual ou a Luz da Consciência.Sem essa Luz, o próprio Brahma (criador na trindade hindu) perderia seu sentido de ser. Sem essa Luz não haveria o que ser sustentado ou preservado.
Ela seria a ponte ou a ligação inquebrantável de Brahman com tudo. Seria a Presença invisível e subjacente a tudo.

O Mantra foi ensinado ao avatar Rama por Vishwamitra durante a batalha contra o demônio Ravana, onde todas as possibilidades de  vitória de Rama diminuíram consideravelmente.Com o uso do mantra Rama teve o controle de todas as armas divinas e assim conseguiu derrotar o demônio.

Assim, o mantra tem sua aplicação no sentido de manifestação, de realizar o potencial de "vir a ser".É energia pura.

Segundo os Vedas, "O Gayatri protege quem o recita". Ele deve ser cantado todos os dias, de preferência de Manhã, de Tarde  e de Noite.

Ele pode ser dividido em três partes para maior entendimento. A primeira parte é de louvor, a segunda de meditação e a terceira de prece.Primeiro saudamos a Realidade Suprema, depois fixamos a mente e coração Nela e por último apelamos para a purificação e iluminação.


fonte: http://www.anjodeluz.com.br/gayatri2.htm